terça-feira, 28 de dezembro de 2010

DÓI GOSTAR E SENTIR SAUDADE



Talvez eu chegue um pouco (bem pouco pra dizer a verdade) perto dos grandes poetas, romancistas, letristas quando estes sofriam por amor, ou ainda que não seja amor, mas um sentimento mais forte que somente amizade ou vontade de estar perto.
É bom sentir falta de alguém assim? Como pode ser benéfico sentir a ausência de alguém e disso sentir felicidade? Acredito que são sentimentos antagônicos por de mais. Eu acredito que sentir saudade machuca. A saudade nos faz revisitar certos lugares que fizemos questão de esquecer. Não somos seres do sofrimento. Somos sim do prazer, bem estar, alegria, contentamento, presença, atenção, carinho, cuidado, amor...
Quero poder estar contigo, te sentir, te experimentar, te seduzir, te ter pelo final de semana, durante toda a semana, te tocar, tremer ao te ver, não pensar em nada quando estando contigo, na sua presença sentir que estou de ferias escolares onde nada nos preocupa a não ser a brincadeira seguinte.
É por essas e outras que gostar e sentir saudade DÓI. Porque quando queremos ter o que não é nosso a saudade logo vem nos lembrar de que nada adianta gostar pois só nos fará sofrer.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Casa no Campo


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais
*Elis Regina


Só quero a paz de ter algo que seja meu, me liberte, me sacie, me inspire...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ela tá de volta com NOVO CD



"Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias"

12 Faixas inéditas:

1. O Tal Casal
2. Fiu Fiu
3. Te Amo
4. Meu Aniversário
5. Vê se Fica Bem
6. Bolsa de Grife
7. As Palavras
8. Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias
9. Vá
10. Moro Longe
11. O Masoquista e o Fugitivo
12. Quando Amanhecer

domingo, 3 de outubro de 2010

denovomaisUMAvez


Hoje eu choro porque dói demais. Só eu sinto o quanto. É difícil. É apertado SER e FINGIR.
A todo instante sou obrigado a usar máscaras e ser outra pessoa. Eu tô confuso sobre quem de fato eu sou. Mentira. Sei bem quem sou. As vezes não queria ser, mas sei sim quase tudo sobre "EU". Choro agora porque além da dor, tem a tristeza de saber que o que a maioria das pessoas veem em mim não é minha verdadeira essencia. Poucos me conhecem e eu, pouco conheço de mim ainda. Como eu queria ser eu e ser aceito e amado pelo que sou.
Certamente este dia chegará e meu eu prevalecerá, porque tenho vida, coragem, luz, alegria, força, prazer. Meu eu tem DEUS. Ele habita em mim e por mais que neste momento eu sinta esta dor inconviniente, amo ser quem sou.
A confusão já não mais me incomoda. O difícil começo tornou-se realidade e sou, embora não transpareça, o avesso, do avesso, do avesso de você.

sábado, 2 de outubro de 2010

NADA



É massa quando começamos a escrever sem vontade, sem pretenções ou objetivos. Não sabemos pra onde ir, sobre o que falar, que direção tomar... muito massa a sensação de desorientação. Melhor ainda é o fato de desejar falar sobre algo e este algo não vem.
É sábado, tô em casa, em meu quarto, primeiro final de semana de uma linda primavera, escuto Amy Winehouse e lógico que tomo uma cerva geladona. Mas vocês acreditam que até agora nada me veio a mente sobre o que escrever. Paciência, ter blog é isso mesmo. Dizer o que pensa, o que sente, saber que é seu e que pouco importa o que as pessoas vão falar sobre o que escreve. Já visitei o Mercadinho do Ró e lá com certeza tem obras de arte que alimentam qualquer alma de bom gosto. Passei também pelo Diário dos Amiguinhos Lindos, que somente os Amiguinhos Lindos teem acesso ao seu conteúdo, mas lá também é certo de que o espírito sai saciado e feliz. Porém, por incrivel que possa paracer, minha mente continua sem o desejo de lhes falar.
Hum... Li muita coisa de qualidade no Simples Versos, e, diferentemente do meu amigo que muito vivenciou em Ouro Preto e nos conta de forma brilhante sobre sua experiência, eu até agora, NADA! Tô no 7 Com Ela agora e Rato diz coisas que enfim se encacham ao momento: Afetado!
Tô afetado pela síndrome da não ideia e por isso encerro minhas inúteis palavras por aqui.
Rapaz, Maricontinha já esteve em melhores condições... hehehe

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

URUBUS


Sobre Urubus e beija-flores*

Eu estava terminando a leitura de um artigo científico. De vez em quando é bom ler ciência. A gente fica mais sabido. Tudo explicadinho. No final das contas, tudo se deve a esse gigantesco infinitamente pequeno disquete que existe dentro das células do corpo chamado DNA. Nele está gravado o nosso destino. Antes de existir, eu já estava “programado” inteiro: a cor dos meus olhos, as linhas do meu rosto, a minha altura, os cabelos brancos precoces, o seu adeus que nada consegue evitar, o sexo. Dizem alguns que lá está até um relógio que marca quantos anos eu vou viver. E é implacável: o que a natureza põe, não há homem que disponha.
Programa mais complicado que o DNA não existe. Tudo tem de acontecer direitinho, na ordem certa. E quase sempre acontece. Quase sempre... Vez por outra uma coisinha não acontece segundo o programado. E o resultado é uma coisa diferente. Assim aparecem os daltônicos, que não vêem as cores do jeito como a maioria vê. Ou o canhoto, que tem de tocar violão ao contrário. De vez em quando, uma criança com síndrome de Down. E quem não me garante que Mozart não foi também um equívoco do DNA? Pelo que sei, a receita não se repetiu até hoje...
O artigo prosseguia para mostrar que é assim que, vez por outra, aparecem pessoas com uma sensibilidade sexual diferente: os homossexuais. Tudo aconteceu lá no DNA: um relezinho que funcionou de maneira não programada. Primeiro, caiu o relê que determina o sexo, se vai ser homem ou mulher. Depois, o relê que determina os caracteres secundários, que fazem a “imagem” do homem e da mulher. Por fim, o relê que determina o objeto que vai disparar as reações químicas e hidráulicas necessárias para o ato sexual. Esse objeto é uma imagem. Nos homens heterossexuais, é a imagem de uma mulher. Nas mulheres heterossexuais, é a imagem de um homem que faz o seu corpo estremecer.
Acontece, entretanto, que por vezes esse último relê não funciona e a pessoa fica ligada à imagem do seu próprio sexo. A imagem que vai comover seu corpo é uma imagem semelhante à sua.
Tudo por obra do DNA. Nada tem a ver com educação, com a mãe ou com o pai. Ninguém é culpado, pois culpa só pode existir quando existe uma escolha. Mas ninguém escolheu. Foi o DNA que fez. E nem pode ser pecado. Pois pecado só existe onde existe culpa. E nem pode ser curado, pois o que a natureza fez não pode ser desfeito.
E nesse momento que estava meditando sobre essas coisas que fogem à compreensão dos homens, como a origem do DNA, o processo pelo qual ele foi estabelecido, se por acidente, se por tentativa e erro, se por obra de algum programador invisível — que uma coisa estranha aconteceu: um barulho como eu nunca ouvira, no meu jardim. Tirei os olhos do artigo, olhei através do vidro da janela e o que vi — inacreditável — um urubu, sim um urubu, batendo furiosamente as asas como se fosse um beija-flor, diante de uma flor de alamanda sugando o melzinho. Achei que estava tendo alucinação, mas não. Era verdade. O urubu, ao ver meu espanto, pousou no galho de uma árvore de sândalo e começou a se explicar.
Sofro muito. Nasci diferente. Urubu, todo mundo sabe, gosta de carniça. Basta que se anuncie carcaça de algum cavalo morto, que os olhos dos urubu ficam brilhando, a saliva escorre pelos cantos do bicos, a língua fica de fora — e lá vão eles churrasquear. Urubu acha carniça coisa fina, manjar divino! Eles não a trocariam por uma flor de alamanda por nada nesse mundo!
Mas eu nasci diferente. Meus pais, coitados, morreram de vergonha quando ficaram sabendo que eu, às escondidas, sugava o mel das flores. Compreensível. O sonho de todo pai é ter um filho normal, isto é, igual a todos. Urubu normal gosta de carniça. Eu não gostava. Era anormal. Fiquei sendo objeto de zombaria. Na escola, logo descobriram minhas preferências alimentares. É impossível esconder. Se todo o mundo está comendo carniça e você não come, que explicação você pode dar?
Aí meus pais começaram a sofrer, pensando que eu era assim por causa de alguma coisa errada que tinham feito na minha educação.
Me mandaram para o padre. Severo, ele abriu um livro sagrado e disse que Deus, estabelecera que carniça é o manjar divino. Urubu, por natureza e por vontade divina, tem de comer carniça. Chupar mel é contra a natureza. Urubu que chupa mel de flor está em pecado mortal. Terminou dizendo que eu iria para o inferno se não mudasse meus hábitos alimentares. E me deu, como penitência, participar de cinco churrascos.
Saí de lá me sentindo o mais miserável dos pecadores. Mas o medo não foi capaz de mudar o meu amor pelas flores. Não cumpri a penitência. Meus pais me mandaram, então, para um psicanalista que cobrava R$120,00 por sessão. Todos os sacrifícios são válidos para fazer o filho ficar normal. A análise durou vários anos. Ao final, fui informado que eu gostava de mel porque odiava meu pai, a quem eu queria matar, para ficar sozinho com a minha mãe. Aí, além de pecador, passei a sofrer a maldição de Édipo. Continuei a gostar do mel das flores. Por isso estou aqui, no seu jardim”.
Houve um momento de silêncio e eu vi o que nunca havia visto: um urubu chorando. Notei que suas lágrimas não eram diferentes das minhas. Aí ele continuou:
“Gosto das flores. Não quero gostar de carniça. Não quero ficar igual aos outros. Só tenho um desejo: gostaria de não ter vergonha, gostaria que não zombassem de mim, chamando-me de ‘beija flor’, eu não sou beija-flor. Sou um urubu. Eu gostaria de ter amigos...
O que me dói não é a minha preferência alimentar, pois não fui eu quem me fiz assim. O que me dói é minha solidão. Gosto de flores por culpa do DNA. Mas a minha solidão é por culpa dos outros urubus, que poderiam ser meus amigos”.**
Ditas essas palavras, ele se despediu e voou par uma alamanda do jardim vizinho.
E eu fiquei a pensar que o mundo seria mais feliz se todos pudessem se alimentar do que gostam, sem ter de se esconder ou se explicar. Afinal, ninguém é culpado por aquilo que a natureza faz ou deixou de fazer.

* Esta crônica faz parte do Coisas que dão Alegria, Rubem Alves, Editora Paulus, que compõe a coleção de crônicas "Coisas da Vida" em 03 volumes.

** Não sinto muitas dores porque tenho amigos maravilhosos que me vendo como um urubu, seja pela cor (rsrs!), pela natureza sexual ou o que quer que seja, me amam, sentem falta de mim, não me chamam de “beija-flor” e não desejam que eu seja igual aos outros urubus.

Xero do preto e excelente final de semana. Amo todos vcs!!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Igualdade, Liberdade, Fraternidade


Muita tolice é dita. Muitas barbaridades são cometidas por causa da intolerância, ignorância e preconceito. Quem se abre para a vida, percebe que, nem tudo são escolhas, que muito do que somos, nada mais é, do que benção divina. Ser ou não ser, não é a questão. Pra quê buscar respostas, já que, Eu e Você somos IGUAIS!?

Solidão, sempre presente



Sentimento dilacerante, cortante. Presente sempre. Seja acompanhado de amigos, de uma pessoa especial, numa tarde de domingo, enquanto escrevo... A Solidão está em mim, mas não estou nela. Ela me tem como um de seus queridos, não sei porque, mas me tem. Ando sem rumo pelas ruas, reflito sobre a vida, invejo certas coisas. Em tudo isso ela está. Não me incomodo mais, por que sei que ela é hoje uma amiga que nunca me deixa só.

Vitão de verdade



Me encontro, sou eu, me sinto a vontade, grito, converso, penso, discuto, desejo, melhoro, contribuo. Quando em quadra com meus companheiros, nunca sai de cena minha essência, ao contrário, ela impera, me domina, a ponto de nem saber mais quem eu sou por um tempo e logo em seguida percebo que eu, nada mais sou, do que aquilo que eles me veem.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Higiene faz bem


É por essas e outras que vale a pena lavar as mãos depois de usar o banheiro!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Diga-me

Somos mesmo alguma coisa nesta vida?
Porque veja bem, ora acreditamos em algo, em nós mesmos e no instante seguinte voltamos atrás desacreditando de tudo.
É certo isso? Acreditar e rapidamente desacreditar do que nós somos?
Se é assim, não somos nada.
É... não somos nada desse jeito. Onde está a base firme de nosso ser, se nós mesmos não fundamentamos ou estabelecemos um piso concreto de nossa essência?
Da vontade d rir as vezes porque isso está tão intrínseco em nós, que nem nos damos conta desses detalhes.
Se eu te perguntar, como me questionei a pouco sobre quem eu sou, você saberia me dizer?
Então vamos lá: Quem é você, descreva-se? Diga no que você acredita e fundamenta sua essência?

E se?

E se...
E se fóssemos mais felizes?
E se nos contentássemos com o que temos em mãos?
E se amassemos de fato nossa família?
E se nossa família de fato nos amasse?
E se tivessemos outra família?
E se meu amigo fosse meu amigo?
E se eu não tivesse um amigo?
E se eu fosse rico?
E se eu fosse pobre?
E se meu cabelo fosse liso?
E se ele fosse cacheado?
E se meu corpo fosse perfeito?
E se não existisse academia e reeducação alimentar?
E se eu tivesse feito outro curso na faculdade?
E se eu me valorizasse como ser humano?
E se eu exagerasse nesse valor?
E se eu gostasse de amar?
E se gostassem de me amar?
E se eu gostasse de meninos?
E se eu gostasse de meninas?
E se eu gostasse dos dois?
E se eu tivesse preconceito?
E se o preconceito me tivesse?
E se eu fosse ainda mais questionador?
E se você não tivesse medo de dar respostas?
E se você conversasse olhando em meus olhos?
E se nós acreditassemos mais uns nos outros?
E se os valores dessa vida não estivesse nas aparências?
E se não existissem as aparências?
E se a minha verdade fosse igual a sua?
E se você tivesse razão por estar pensando em mudar o mundo do seu jeito?
E se seu jeito não for igual ao de ninguém?
E se eu te escutasse?
E se te considerasem um louco?
E se te valorizassem pelo que você é?
E se te elogiassem?
E se viver a vida fosse somente viver sem objetivos?
E se tivessemos mais ambição?
E se tivessemos força pra enfrentar o que nos desafia?
E se apredessemos com a ficção que, para mudar a vida basta ter coragem?
E se minha vida desse um filme?
E se este filme já estiver em andamento?
E se eu parasse de te e me questionar sobre esse: "E se"?
E se a resposta para tudo isso estiver dentro da gente?
E se ja tivermos estas respostas, mas o medo não nos deixa perceber isto?
E se a partir de agora EU e VOCÊ nos propusermos a encarar tudo e todos de cabeça erguida, com coragem, determinação, força, garra, luta, verdade, valores, FÉ, dariamos para pelo menos sermos mais felizes com o que temos em mãos: NOSSA VIDA!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

EU, TU, ELE, NÓS, VÓS, ELES


Uma faculdade
Um sonho
Sete Amigos eu proponho

Vivendo juntos
Era assim
Amiguinhos Lindos
Até o fim

Personalidades não coincidiam
Cada um na sua permaneciam
Onde tinha um tinham dois ou três
Fins de semana
Eram todos de vez

Aprendizados comungavam
Vivendo a vida brincavam
Mesa de bar não faltava
Estando ali amor partilhavam

Indiana se chamava
Seu sorriso encantava
Chuchu verdura não sei
Disciplina sempre encontrei

Poesia era Nanda
Rebeldia das cubanas
Kiki princípios tinha
Presepadas como as minhas

Gracielly graciosa
Persistente e teimosa
Natincole eu chamava
Sabedoria Nânia transpirava

Nego Vitor sou eu
Que descrevo amores meus
Seguindo a vida caminhamos
Com laço forte nos amamos

AMIGUINHOS somos nós
Sendo LINDOS e nunca sós
Meu amor aos seis darei
Pro infinito com os sete irei

sábado, 14 de agosto de 2010

QST?


Talento
Chega uma etapa de nossas vidas que eles já não mais nos pertence, mas aos outros, aos que necessitam, precisam, sonham em ter algo na vida, que nós, por luta, busca ou simplismente benção divina fomos agraciados.
Não existe o velho ditado:"Não estou preparado!?" Está sim. Por que este é o tempo, agora é a hora.
O que nos resta fazer? É simples e não tem segredo: basta obedecer! Obedecer nossos instintos e com eles transformar a vida daqueles e as nossas. Pois chegará um tempo que escutaremos: por que "Tu guadar-tes o talento que te dei? Servo mal e infiel. Sabes como sou, e mesmo assim não multiplicou o que tens de melhor". Bíblia Sagrada.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

FOREVER


"Te ver
E não
Te querer
É improvável
É impossivel...
...
É como procurar
No mato
Estrela do mar"

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

SOU EU


Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.



Álvaro de Campos

E depois de uma tarde




Apesar das ruínas e da morte,

Onde sempre acabou cada ilusão,

A força dos meus sonhos é tão forte,

Que de tudo renasce a exaltação

E nunca as minhas mãos ficam vazias.




Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Para poucos ------> Áudio e Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=gWI1gs0dJYk



Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.


Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras
E dos comércios

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

FERNANDO PESSOA

???



Que será
Da minha vida sem o seu amor
Da minha boca sem os beijos teus
Da minha alma sem o teu calor
Que será
Da luz difusa do abajur lilás
Que nunca mais vier a iluminar
Outras noites iguais?

Procurar
Uma nova ilusão não sei
Outro amor
Não quero ter além daquele que sonhei
Meu amor
Ninguém seria mais feliz que eu
Se tu voltasses a gostar de mim
Se teu carinho se juntasse ao meu
Eu errei
Mas se me ouvires vais me dar razão
Foi o ciúme que se debruçou sobre o meu coração


Que será
Intérprete: Ana Carolina
Composição: Marino Pinto / Mário Rossi

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ela me faz tão bem


As lágrimas exorcisam, renovam, revigoram, inspiram, libertam...
Ontem elas vieram e sem conseguir conte-las deixei que caíssem, para num chão qualquer brotar vida
Esperança
felicidade
Sonho
Verdade
Imediatamente lembrei de Cássia.
Era com ela que desabafava e, deixando ela me contar sobre sua vida, percebia que o meu drama não era tão diferente. Comugavamos, quase sempre, das mesmas histórias, das frustações, de nossos amores... minha nossa... LÁGRIMAS...
Ontem e agora tornei-me adolescente, calado, resignado, sofrido com a verdade que temia acreditar, com o que deveria ser pro resto de minha vida, sem escolha, sem pedir, sem entender o porque de ser EU, de ter que ser EU...
NINGUÉM SABIA E NINGUÉM VIU...
Era EU, sempre, lutando, desde sempre


"...Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
...

Vamos descobrir o mundo juntos baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor, meu VITÃO"

domingo, 8 de agosto de 2010

SAPATO VELHO



Entenda como quiser!

... É! Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...

sábado, 7 de agosto de 2010

QUANDO O AMOR VACILA



Ouça Maria Bethânia recitando

http://www.youtube.com/watch?v=A0gD241Xm-I

QUANDO O AMOR VACILA (Autor desconhecido)

Eu sei que atrás deste universo de aparências,
das diferenças todas,
a esperança é preservada.

Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
e dela não me conformo.

Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora.

Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
pelas tuas loucuras todas, minha vida.

Eu amo as tuas mãos,
mesmo que por causa delas
eu não saiba o que fazer das minhas.

Amo teu jogo triste.

As tuas roupas sujas
é aqui em casa que eu lavo.

Eu amo a tua alegria.

Mesmo fora de si,
eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido,
se a maré das circunstâncias
não tivesse te banhado
nas águas do equívoco.

Eu te amo nas horas infernais
e na vida sem tempo, quando,
sozinha, bordo mais uma toalha
de fim de semana.

Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.

Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.

Amo teu sistema de vida e morte.

Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.

Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.

Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa.

Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Grand' Hotel



Aproveitando este romantismo que tem tomado conta de mim, o que é um fato raro, e justamente por isso tenho aproveitado, posto uma das maiores preciosidades da música brasileira.
Estava malhando hoje pela manhã e ao entrar na sala de alongamento meus ouvidos foram agredidos com todo questionamento, indignação, precipitação, conveniência e certeza que esta música contém. Ao passo que alongava aqui, esticava lá, ia digerindo toda verdade profetizada nela, concluindo pela milionésima vez que, de nada adianta acelerar-mos as coisas pra faze-las acontecer, pois tudo só acontece em seu tempo.
E entrando no clima da canção, desafio mais uma vez: "Será preciso ficar só pra se viver?"
Será...

Grand' Hotel
Kid Abelha
Composição: George Israel / Paula Toller / Lui Farias


Se a gente não tivesse feito tanta coisa,
Se não tivesse dito tanta coisa,
Se não tivesse inventado tanto
Podia ter vivido um amor Grand' Hotel.

Se a gente não dissesse tudo tão depressa,
Se não fizesse tudo tão depressa,
Se não tivesse exagerado a dose,
Podia ter vivido um grande amor.

Um dia um caminhão atropelou a paixão
Sem teus carinhos e tua atenção
O nosso amor se transformou em "Bom Dia"...

Qual o segredo da felicidade?
Será preciso ficar só pra se viver?
Qual o sentido da realidade?
Será preciso ficar só pra se viver?

Se a gente não dissesse tudo tão depressa,
Se não fizesse tudo tão depressa,
Se não tivesse exagerado a dose,
Podia ter vivido um grande amor.

Ficar só
Só pra se viver...
Ficar só
Só pra se viver.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Saudade: Solidão acompanhada


Por Vitor Nascimento*

Sonhei contigo esta noite e percebi quão sofrido é não estar mais ao teu lado.
Sinto falta de teu cheiro, desejo tua companhia nessas noites frias, imagino o calor de teu corpo.
De tudo isso sinto saudades...
Procuro traços seus em outras pessoas, mas você não está.
Novamente sinto saudades...
Talvez seja como a canção de Jorge Versilo: "É fácil de entender, difícil de explicar..." Mas Eu...
Te amo por ter sido teu
Te amo pela companhia dos momentos de solidão longe de todos
Te amo por você ter me amado
Te amo por todas as vezes que olhava pra mim e me via
Te amo por que agora ainda sinto que te amo e me sinto bem
Te amo, ainda mais, pela tua sabedoria, de ter saido de minha vida quando ela precisava de você
Amo ter comigo fotos suas
Amo abrir meu guarda roupa e ver as roupas de nossos encontros
Amo tomar banho, fechar os olhos, e te imaginar comigo enquanto a água cai
Amo te Amar
Incrivelmente Amo a distância física entre nós, mesmo sabendo que foi por causa dela, que não estamos mais
Amo a saudade em mim
Desejo a saudade em você
E adaptando "saudade" de Pablo Neruda, digo:
"Amo Amar um passado que ainda não passou
Recuso amar um presente que ainda me machuca
e anseio amar um futuro que nos convida..."
Você está em mim
E é esta saudade que faz com que meus dias sejam melhores
Sei que amor não se agradece, retribui
Porém pra ti, me foi dada a licença de agradecer-te, pois quem já sentiu o amor, já sentiu também a saudade e logo sabe, que a saudade, é desejada por uma única pessoa em todo mundo: A QUE NUNCA AMOU!
Obrigado!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

FERNANDO PESSOA


Como é bom ser ridículo!
Outro dia minha irmã estava lendo para mim e um amigo nosso, seu diário, escrito quando era ainda adolescente. Quantas gargalhadas demos. Riamos sem parar durante bom tempo e nos divertimos com as histórias ali contidas. Era a história dela, nas páginas de um diário de uma adolescente que vivia intensamente suas angústias amorosas, seus dissabores com o(s) rapaz(es) que tirava(m) seu sono. Era paixão, desejo, fantasia, música, convivência, tudo misturado com um único sentimento: o amor.
Quanto drama naquelas palavras. Mas parece que para sentir o amor é necessário ter dor, lágrima, sofrimento, desilusão... Ela contou-nos algumas histórias de seus amores perdidos e não alcançados, mas se lembrar-mos da vida de alguns de nossos poetas apaixonados, encontraremos muitas semelhanças, principalmente no quesito drama! Eles adoravam dramar, apresentar em seus escritos, na maioria deles cartas, suas desilusões amorosas pela(o) amada(o) que não correspondia ao seu sentimento, usando pseudônimos para lhes dar mais coragem em dizer o que pensavam por elas ou eles.
Minha irmã, os poetas, todos eles, de alguma maneira, não tinham receio em dizer o que estavam sentindo, apenas queriam expressar seus desejos. Sendo ridículos, mas era paixão, amor, instinto, vontade...
"Eram cartas de amor como as outras ridículas"...
Escrevi também cartas de amor. Muitas, várias. Não me sentia ridículo, estava apaixonado, fascinado pela beleza que meus olhos insistiam em querer ver, e por esta beleza escrevia para saciar meus desejos reprimidos. Hoje é que percebo como fui bobo por não ter usado pseudônimos como os poetas... Seria delicioso e mais fácil lidar com toda aquela loucura. Se assim tivesse feito, saberia de alguma maneira o que aquilo tudo significara para o destinatário e, com toda certeza, sofreria bem menos.
Infelizmente não aconteceu, mas amei... E como amei.
Amores impossíveis, destes que só vemos em poemas, músicas, que quando você vê a pessoa amada não consegue dizer uma só palavra. Ou quando seu prazer maior é tão somente estar perto dela(e), ou até mesmo sonhar com o dia em que tudo que você deseja torne-se real.
Eu amei certa vez e acredito que dessa mesma maneira muitos já se encontraram. Escutava uma música e pensava, tomava banho pensando, lanchava pensando, assistia a um filme pensando, enfim, quase todas as atividades eram voltadas para a pessoa amada. Hoje eu percebo, que muito do que sou, atribuo a aquela experiência amorosa, que, quando menos esperei aconteceu e fiquei em estado de êxtase, chorando pelo caminho de casa, sem acreditar, que tudo era bom de mais pra ser verdade. E tudo tá guardado em meu coração e numa carta de amor guardada até hoje.
Pareço ridículo? Sei que fui, mas quem nunca foi?!

FERNANDO PESSOA concorda comigo:

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem não tem?


Sabe aquele dia que você tem vontade de mandar todo mundo se fuder? Hoje é o meu!
Ainda bem que tenho um espaço pra fazer isto, sem que soe grosseiro. Esta não é minha intenção. Só quero poder fazer e dizer o que tenho vontade, e só.
Inventaram o blog para não precisarmos visitar psicólogo. Fazemos aqui, o que nos pedem para fazer lá no divã: FALAR!
Falo o quanto quero, o que quero, quando quero, pra quem quer que seja. Este é meu espaço e uso o verbo querer em demasia por que é dele que sai o que sou: o ser livre, feliz, pensante, sorridente, contagiante, amigo, sincero, família, enfim, Vitão.
Não mandei ninguém se fuder ainda hoje, como nunca o fiz sem motivo, mas estamos apenas no início do dia, e se a vontade persistir até o final dele...

Querido diário...


Definitivamente, chega uma hora que se cansa.
Chega uma hora em nossas vidas, que não suportamos mais o peso de certas coisas. Cansamos. Esgotamos...
Minha nossa... quem foi que disse que devemos fingir pra sermos felizes? Eu desejaria agora seu nome para colocar aqui uma nota de repúdio, uma nota não, um texto de 4 laudas demonstrando toda minha insastifação e raiva, tudo que sinto neste momento. Este cara ou esta mulher só pode ser um(a) idiota qualquer, não mais idiota que nós por estarmos seguindo disciplinarmente tudo o que ele(a), estupidamente definiu como certo.
Mais são as regras sociais não são? O tal do controle social imposto pela igreja, família e sociedade. Tudo que "não" podemos fazer. Ações, atitudes e comportamentos que desde pequenos nos ensinaram a evitar a todo custo. A ter medo. A atravessar a rua caso encontre o "bicho papão". E assim vamos levando nossas vidas, acreditando que tudo que nos foi ensinado durante nossa infância e um pouco da adolescência são as verdades.
Mentira! Uma porra de uma mentira bem contada! Não pode um caralho. Sinal fechado, porta trancada, guarda roupa, tudo criado para seres humanos fracos, limitados, covardes. Eu digo: extrapole, invada o sinal, derrube a porta, saia e mostre sua cara. Quero ver quem vai te dizer que não pode, quando teu interior gritar por socorro? Quando ele gritar por liberdade? Quando ele tremer de raiva e indignação?
A verdade que existe nesta vida é a nossa, porque ninguem nos entende melhor do que nós mesmos. Somos nós que choramos pelas feridas abertas em nosso ser. Ou foi você que escolheu ser como é? Ter o corpo, cabelo, condição financeira, cor da pele, sexo? Foi você que teve o privilégio de escolher sua família biológica? foi? Responda?
A dor é um sentimento egoísta. Só a conhece quem a sente! E por que então as pessoas querem determinar como devemos ser, nos comportar, quais atitudes tomar se, as principais coisas de nossas vidas, não fomos nós que escolhemos?
Outro dia afirmava categoricamente: "Ser ou não ser não é a questão, mas a solução! Ser isto ou aquilo não determina nada em nós. Somos inteiros e não metades. Somos inteiros na espera de outra parte tão completa como nós, que só aparecerá quando a verdade que há em nós for apresentada, primeiro pra nós mesmos, depois para nós de novo. Isto, porque, não devemos nada a ninguém.
As mascáras que nos pedem para usar, só servem para desenvolver angústias, sofrimentos, lágrimas. Mentem para nós durante toda uma vida, e trilhando este caminho de farsas, vamos levando nossas vidas mentindo ainda mais, fingindo ainda mais, insastisfeitos ainda mais.
Entretanto, chega uma hora que se cansa. A minha tá chegando, tô quase em meu limite de tolerância. Uso algumas mascáras para não deixar que uma certa verdade, vista por muitos, seja revelada para alguns. Mas tá chegando a hora de usar o remédio para curar a ferida, e este é a verdade. A minha e a sua verdade. Afinal, somente nós, nos conhecemos como somos.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Descontraindo... kkkkkk

Mhel Marrer, muito bom!


PARA ESCREVER


Tem hora?
Que nada. Para escrever basta ter vontade e nada mais. São tantas as motivações: lugar, por quê, sentimento, desculpa, dor, alegria, morte, vida, família, Deus, amigos, esporte, universidade, relacionamento, clima, festa, alcóol, água, cidades, lugares, lembranças, perfume, comida, esportes, acontecimentos, música, celebridades, escolhas, vizinhos, desejos, repressões, sexualidade, foto, transportes, sonhos, passado, presente, futuro, sorrisos, lágrimas, hoje, amanhã, agora.
Tudo nos faz querer escrever. Todas as coisas precisam ser ditas, propagadas, exploradas. Basta deixar exalar em você o desejo de atingir, primeiro a você, depois o próximo, daí já era, tudo acontecerá.
Esteja aberto a tudo ao seu redor para que sua sensibilidade seja seu guia, sua bússola. Quem pratica a arte da escrita sabe quão libertador o é. Parece que por um breve momento, ficamos sob efeito de hipnose e quanto mais procuramos juntar as palavras para formar as frases, mas elas afloram em nós. Minha nossa... é delicioso!
Escrever e prazer, sinônimos, que em meu dicionário, quer dizer orgasmo.

O insustentável preconceito do ser!


Por Rosana Jatobá*

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.
Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:
- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!
-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.
-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.
-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?
-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.
-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.
-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar....
De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.
Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.
Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.
Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:
-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:
"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, quero o teu amor".
"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.
A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constrangimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.
O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:
"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:
'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).
Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".
Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?
A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos" , mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:
- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !
E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?
Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:
- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!
Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:
-Só podia ser loira!
Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:
- Só podia ser judeu!
A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...
Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem".
Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.
A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável.
O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorância e alimenta o monstro da maldade.
Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcoólatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:
-Só podia ser mendigo!
No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:
-Só podia ser bandido!
Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.
PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos... Rosana Jatobá


*Rosana Jatobá é jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo. Também apresenta a Previsão do Tempo no Jornal Nacional, da Rede Globo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010


Em nossas vidas, na maioria das vezes, sempre tem alguém em nossa convivência que é responsável por certas tomadas de decisões que, para o bem ou para o mal, acabamos por acatar.

Porque eu tô dizendo isso? Por que no post anterior, que é sobre o meu retorno ao blog, eu poderia não identificar o resposável pelo meu retorno, já que, pouco importa para as pessoas quem seja. Até eu mesmo poderia não considerar-lo como a pessoa que me fez voltar a ter uma vida blogeira, mas não, sou honesto, sincero e sei reconhecer capacidades sempre que elas passam por mim.

Acredito ser interessante contar como tudo aconteceu...

Um belo dia, quando estava de bobeira no msn, resolvi parabenizar um amigo, que há muito tempo não mantinhamos contato. Estudamos juntos por quase dois anos no Colégio Polivalente de Jequié, e, de lá pra cá nossa amizade foi se desenvolvendo de uma forma ou de outra. Como o destino quisesse me ver por outras bandas que não em minha amada Jequié, fui estudar em outra cidade e por lá residi por 5 anos.

Os anos foram passando e nosso contato era ainda relevante, pois quase sempre que estava na cidade acontecia de nos encontrar, sem mesmo termos combinado nada. Sempre em festas esses encontros. E ele é do tipo de poucas palavras, timido, debochado, irônico, perspicaz, sarcástico e com todas essas qualidades adoraveis, ele ainda conseguia ser palhaço, pode acreditar. Tem um humor que pouco encontramos por ai. Humor inteligente. Daqueles que te pega de surpresa. Quando fala, faz cara de sério, o que torna ainda melhor.

Sabe aquele olhar despretencioso que parece não dizer nada, mas quando abri a boca faz você rachar de rir? É o dele! O cabra gosta de ser assim, lhe faz bem, alimenta sua alma a ponto de querer ganhar a vida a partir disso. E pode acreditar que ele vai se dar bem. Ele é bom. Quem me conhece sabe bem que não sou de disparar elogios furtivos para qualquer um, ainda mais quando se trata de talento. Mas ele tem.

Você deve estar pensando que estou um tanto quanto exagerado, mas será? Daí eu questiono: Porque valorizamos tanto a má notícia, ou perdemos horas e mais horas falando mal de alguém, quando o mais saudável seria fazer o que estou fazendo agora, que é valorizar o que edifica o espirito e enriquece nossas vidas? Faço, e farei sempre, quando perceber que diante de meus olhos e coração, tenha algo que de fato valha a pena escrever, dizer, espalhar, noticiar.

Embora eu ainda não tenha mencionado seu nome, é possivel que você já o conheça, pois ser possuidor de certas caracteristicas como as mencionadas não é fácil encontrar por ai.

A verdade é que sua curiosidade está fazendo com que você leia este texto até o final, e minha vaidade também precisa ser alimentada... rsrs!

Mas como o meu objetivo aqui é dizer o real motivo que me fez retornar aos escritos do blog, digo que tudo começou quando navegava pelo site Jequié Notícias e vi uma poesia na página principal. Um cigarro acesso e esfumaçando como imagem e o texto ao seu lado. Sensação após ler? Paralisia! Foi impressionante como fui submetido àquele golpe literário. Li, reli e li de novo, e voilà, tirei o chapéu! Poesia de qualidade.

Desse dia em diante minha vida foi tomando rumos diferentes. Aqueles papos sem sentidos no msn do tipo: "e ai cara, como tá a vida? o que tem feito?", foi transfomado em discussões inteligentes e produtivas. Fomos conversando sobre o porque dele ter escondido por tanto tempo este talento? Bateu logo o desejo de ler todas as outras poesias, e claro, rolou uma identificação imediata, principalmente porque estava passando por um periodo condizente com quase tudo exposto nas poesias, e não deu outra: Ideia de lá, ideia de cá, incentivei-o a abrir um blog para divulgar algumas de suas preciosidades e com isso percebi que também eu, poderia voltar a sorrir para os posts de meu blog e aqui estou.

Hoje, Cássio Nery tem seu blog em pleno vapor, continuando escrever tais preciosidades, e eu, grato pela contribuição seu igual desse meu amigo, humildemente me apresentando novamente com a MINHA MARICOTINHA.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

De volta


Rapaz, quem diria que retornaria tão rapido assim?! Pois bem, aconteceu. E claro que isso é otimo, porque agora eu tô entendendo o porque de sentir certo vazio interior.
É neste espaço que minha cabeça funciona em velocidade surpreendente, que as vezes nem eu consigo acompanhá-la. Isso é ainda mais maravilhoso, por que as ideias contidas nela, vão parar todas aqui, como nunca deveriam deixar de estar.
Busquei algumas explicações externas para o fato de ter deixado de ter a minha a vida aqui. Sabe o que aconteceu? Não encontrei. Porquê a explicação não estava fora de mim, mas dentro, em meu interior, em meu coração...
Nada nos faz sentirmo-nos melhores do que expôr nossos pensamentos e opiniões, pelo menos comigo funciona assim. Falar, alívia meu espírito, alimenta minha alma, faz com que meus sonhos sejam possiveis, liberta, exorcisa, ajuda mais, afinal, escolhi ser jornalista para poder falar, falar, falar. E ter um blog é para isso mesmo: FALAR!
É claro que, escutar também me alimenta. Os que me conhecem sabem que bem que sou um exímio ouvinte, um psicólogo até, mas meu elixir é de fato a pronúncia das palavras. O som delas ao sairem de meus lábios fervilha tudo.
Enfim, para não perder de vista a postagem de retorno, fico por aqui, feliz, e grato a DEUS, por me permitir que este dom que me foi dado, seja mais uma vez manifestado.

Abraço a todos e sejam BEM VINDOS!

Já Já de volta...